É engraçado (na verdade não é) como a gente naturaliza as coisas...
Fiz inúmeros posts sobre a desconstrução da mulher como mercadoria, como objeto e afins. Fiz e faço milhares de desconstruções diárias sobre isso por acreditar que é um primeiro passo importante, no entanto acredito que temos que fazer a autocritica, e porquê não utilizar dela para aprender e ensinar? Acredito que se cremos em algo e utilizamos daquilo para nossas vidas não devemos ser hipócritas e somente desconstruir o que nos convém, temos que desconstruir todo o processo, ainda mais algum que possa ser danoso para o todo. Daí nasce a Ressaca Moral dessas ultimas semanas.
A tempos venho tentando desconstruir a objetificação do corpo da mulher, no entanto é uma coisa extremamente difícil de fazê-lo, por inúmeros motivos. Entendo por ser feminista o não só acreditar na igualdade dentre os gêneros, mas também tentar construir esta igualdade, e para isso precisamos desconstruir o machismo nosso de cada dia. O que por sinal é uma das coisas mais difíceis que resolvi fazer em minha vida (apesar de acreditar muito nisso, por isso continuo fazendo-o).
Leia-se objetificação como tratar(tomar) como objeto um individuo, com vontades e direitos ignorando-os.
Enfim, na hora de desconstruir a objetificação do corpo da mulher acabamos, por vezes, esquecendo do desfazer da objetificação, que está também naturalizada em nossa sociedade, do corpo no geral. O que acaba somente dar continuidade a objetificação. Às vezes a lógica está tão intrínseca que deve existir um processo de desconstrução ainda mais aprofundado.
De certa maneira, nós somos criados a uma base de oposições (certo- errado –quente, frio – mulher, homem). O que, a meu ver, influi diretamente em nossas ações e formas de ver o mundo, as respostas para as coisas acabam por ser justamente o revés.
Aí entra o monstro da vida de uma feminista. O tão desesperador FEMISMO (muitos confundem com o feminismo), que trabalha justamente a lógica sexista da oposição dos gêneros, “se ele me trata como objeto, tratarei ele também”. Claro que não é algo tão direto assim, mas a lógica acaba por ser a mesma, uma lógica de disputa entre gêneros, onde nem um, nem outro enxergam as coisas a pé de igualdade. Logo, FEMISMO trabalha na mesma lógica do machismo, de sobreposição e desigualdade entre os gêneros.
Não posso discordar que a objetificação do corpo da mulher é de fato algo muito latente em nossa sociedade (e isso quer dizer que está presente em TODOS OS ESPAÇOS, INSTANCIAS e afins), mas é a consequência do machismo ser uma ideologia tão intrínseca em nossa sociedade, construída e reproduzida há tempos. Mas não acredito que a resposta para ele deva ser necessariamente a construção de uma ideologia que se utilize da mesma lógica em moldes diferentes, pois dessa forma não estaria pregando nada além de desigualdades.
Me perguntam por quê eu sou feminista, como sou feminista e o que é ser feminista. Minha única resposta é a desconstrução diária do machismo, não somente na sociedade, mas a tentativa da desconstrução do mesmo em mim.
Não podemos pedir igualdade se não tratando a pé de igualdade. FEMISMO e FEMINISMO são coisas totalmente diferentes. Entendemos que não existe igualdade entre os gêneros, no entanto não é com o FEMISMO que iremos responder isso. Queremos igualdade, queremos os mesmos direitos e abertura para isso. Queremos feminismo, queremos ser livres.
Fiz esse post. Curtinho, mas sempre é bom pra tentar dizer que não esqueci o blog e pra organizar um pouco o raciocínio.
Beijos
e saudações Feministas!